O livro Dom Casmurro é um livro maravilhoso, é dramático, mas emocionante onde nos deixa cheios de dúvidas, a historia é de uma perfeição particular e assim inigualável. Temos certeza como milhares de pessoas ao redor do mundo que chegaram ao ponto final do romance; como as que sentiram a angústia suscitada por Bento Santiago, e sua amiga dos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Oblíqua e dissimulada. Ao decorrer da história, chegamos duvidar e até atacar esta descrição feita pelo agregado José Dias, porém, ao fim, é ela que molda todos os questionamentos já feitos, e os que ainda hão de vir a ser.
A idéia de que o doce e ingênuo Bentinho, e sua história de amor com sua fiel “amiga”, teórica e igualmente doce, acabassem de maneira tão trágica e melancólica em conseqüência de um engano do nosso Casmurro ao julgar sua amada Capitu, é inquietante e, me atrevo a dizer, desesperadora. É tão desastrosa a compreensão desta teoria que é de melhor tom à nossa consciência aceitar a seguinte. Aceitar que José Dias estava certo, ou melhor, certíssimo, como diria na sua adoração por superlativos. Mas tal aceitação não faz da segunda melhor que a primeira; apenas das primeiras mais inquietantes em termos morais e sentimentais, que são subjetivos. E é nessa subjetividade, na qual não temos um conceito indiscutivelmente certo ou errado, que nos perdemos.
É importante que se ressalte que, absolutamente a obra de Dom Casmurro, em todo capítulo, há uma reflexão, há uma provocação, há uma alusão ao comportamento social.
Machado, assumidamente não-católico, coisa rara em sua época, diluiu no texto de “Dom Casmurro” uma crítica ao rígido sistema da igreja católica, em sua relação com os fiéis. Na história, D. Glória se corrói com a obrigação de uma promessa antiga, na qual Bentinho teria de se ordenar padre em gratidão ao seu próprio nascimento (atribuído a um milagre). A partir daí, se desenvolve um período de grande culpa por parte dos dois lados: tanto da mãe, que não quer se separar do filho, quanto do filho, que sucumbe aos arroubos da juventude em pleno seus quinze anos. Arroubos estes que se definem pelos olhos oblíquos e dissimulados.
Enfim, a crítica se dá na maneira com que as regras religiosas, e, logo, sociais, manipulam a família de uma forma brutal.
Em companhia do exemplo anterior de crítica à igreja, é possível citar o humor com que são tratadas as promessas feitas pelo adolescente a Deus. Machado as trata como uma transação comercial, na qual Bentinho se via devedor de milhares de padres-nossos e ave-marias, prometidas em troca de pequenas graças. A “dívida” foi paga quando Bento foi a Igreja pedir clemência por um pequeno pecado e aproveitou para saldar seus gastos em descoberto, concluindo, assim, que foi feito um câmbio de uma moeda fiduciária entre ele e o “credor divino”.
Enfim, a crítica se dá na maneira com que as regras religiosas, e, logo, sociais, manipulam a família de uma forma brutal.
Em companhia do exemplo anterior de crítica à igreja, é possível citar o humor com que são tratadas as promessas feitas pelo adolescente a Deus. Machado as trata como uma transação comercial, na qual Bentinho se via devedor de milhares de padres-nossos e ave-marias, prometidas em troca de pequenas graças. A “dívida” foi paga quando Bento foi a Igreja pedir clemência por um pequeno pecado e aproveitou para saldar seus gastos em descoberto, concluindo, assim, que foi feito um câmbio de uma moeda fiduciária entre ele e o “credor divino”.
O conflito principal do livro traz justamente a angústia causada pela dissimulação, na qual nosso Bentinho será o co-autor e o sofredor da execrável atitude e da infinita causada por ela.
Pesquisadoras: Bruna Damares e Laura Emilia.
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